quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Poesia Bruta - Sobre o Álbum

Poesia Bruta será o nome do meu primeiro álbum. Serão 12 músicas, todas composições próprias feitas ao longo dos últimos anos. A música mais antiga é a "Nada mais será", feita quando eu ainda estava no colegial.

As demais composições foram feitas entre 2005 e 2011, período em que estive na faculdade. Tenho dúvidas sobre qual é a mais recente, "João sem Braço" ou "Folha, Estadão e Afins", mas é fato que ambas foram feitas em 2011.

O plano de gravar um álbum é antigo, mas só virou realidade após ter tido contato com o Fabiano Negri. Na verdade, fui tomar aulas de canto após um longo período afastada da música (foram 2 longos e obscuros anos sem compor, sem cantar, sem tocar) já com o objetivo de que ele pudesse me ajudar com meu projeto, afinal eu já conhecia o trabalho dele há alguns anos.

E assim se iniciou este projeto. Vamos começar a levar estas músicas para estúdio neste fim de semana e aqui no blog vou mostrar um pouco dos bastidores deste trabalho, além de comentar sobre algumas das músicas que estarão no álbum.

Empolgada demais com esse trabalho! E ansiosa para o domingo: será o dia inteiro no estúdio, gravando a bateria. Mal posso esperar pra ver esse meu filho nascer!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Começo

Foi assim:

Todos os dias da minha infância eu acordei cedo para ir para a escola, e assim que abria os olhos era recebida pela música que vinha da sala, do rádio. Me arrumava e saía de casa, meu pai me levava de carro, ouvindo música o percurso inteiro. Quando chegava o domingo, dia em que todos dormem mais, eu acabava abrindo os olhos cedo, por costume. E encontrava a casa silenciosa, ninguém estava acordado ainda. Triste domingo em que se acorda sem música! Então eu fazia a música soar na minha cabeça. Era um jogo. "Como é a música que eu gostaria de ouvir agora?" E foi assim que compus minha primeira música, sem nem saber que isso se chamava compor. Apenas quis brincar de imaginar a música que eu queria ouvir naquele exato momento. E daí se a música que eu queria ouvir não existia? Se eu cantasse em voz alta, ela passaria a existir!

Como nos musicais que eu vi ainda criança. Cantando na Chuva, Extra Extra... As pessoas começavam a cantar e a dançar, expressando o que elas pensavam e sentiam. Parecia tão natural, e acho que por um bom tempo achei que o mundo era mesmo assim, que as pessoas paravam aleatoriamente no meio da rua e começavam a cantar sobre seus anseios, sapatear sobre suas rotinas. (Talvez o mundo seria mesmo assim, se não houvessem todas essas amarras sociais...)

Por isso eu demorei alguns anos pra me considerar uma compositora. Não que eu desdenhasse o que eu fazia, eu apenas achava que era natural, algo que todas as pessoas faziam, apenas não falavam sobre isso, ou não mostravam suas criações umas pras outras. Imaginem a pequena Nia na escola, tentando perguntar para suas amiguinhas sobre alguma música que elas tivessem feito em casa, no fim de semana. "Ninguém faz música", cheguei a ouvir. "Elas apenas tocam, no rádio!" E ainda diziam que a louca era eu!

Com o passar dos anos passei a dar mais importância para o processo de fazer músicas. Descobri nisso a melhor válvula de escape do mundo. Como me ajudou na terrível fase da adolescência! Mostrava as composições apenas para os amigos mais próximos, nem minha família conhecia tudo o que eu fazia, apenas uma ou outra.

Isso gerou uma pilha de músicas, escritas em folhas que amarelavam, e uma angústia. Será isso mesmo? Eu, compondo, guardando tudo, seguindo uma vidinha que eu não queria, enquanto minhas músicas enchiam de pó? E depois que eu morresse, o que aconteceriam com essas músicas que um dia significaram tanto para mim? Iriam se perder no nada, assim como eu?

Vocês vão me ver divulgar este trabalho que estou iniciando (essa experiência de dar um corpo físico a essas músicas, recriá-las, cortá-las, juntá-las, fazer passar a eletricidade, dar-lhes vida, gritar contra a noite tempestuosa "IT'S ALIVE!!!") com insistência, sempre, de novo e de novo, quase como se a vida dependesse disso. Porque no fim é quase isso mesmo. Esse aqui é o meu Final Fantasy. É minha tentativa, meu ultimato, meu pé no peito de quem acha que a música no Brasil chegou numa encruzilhada, num impasse, num hiato. Não estou sozinha. São músicos e mais músicos lutando pela arte verdadeira. Tem que ser assim.
Como diria Marcelo Diniz: e se não for isso, o que será?